quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Cape Town

Nossa viagem começou em Cape Town, no dia 2 de janeiro de 2009. Ficamos hospedados no Icon Hotel, no final da Long Street esquina com Hanz Strydom. O hotel é novíssimo, muito confortável, mas o serviço deixa a desejar. Na verdade, trata-se de um flat, com tv a cabo, microondas, fogão e todos os utensílios de cozinha, geladeira, etc. Ótima opção para quem quer cozinhar. Mas não espere aquele atendimento, porque os funcionários são completamente destreinados. Conseguir um taxi ou fazer ligações para o Brasil são tarefas árduas, que exigem muita diplomacia e paciência. Nossos amigos ficaram no Southern Sun Cape Sun, que é um hotel mais luxuoso localizado a 4 quadras de distância do nosso hotel. Ótimo serviço! Conseguimos até um passe para usar os serviços de van do hotel, cortesia do concierge. Passe, aliás, que quebrou um galho enorme! A Long Street é famosa pelos restaurantes e livrarias, e pelo clima boêmio. Mas não aconselho ficar andando pela região à noite. Há muita gente pedindo esmolas e é preciso ter cuidado, o mesmo que teria andando pelo centro de São Paulo.
Usamos o passe várias vezes para irmos até o V&A Waterfront, que é um centro de entretenimento e compras, hotel de luxo, aquário (Two Oceans, interessante. Ingresso: 82 rands/cerca de 20 reais), museu, etc. Dá para passar o dia todo lá e voltar no dia seguinte para pegar o barco até a Robben Island. Mas atenção: é melhor reservar sua passagem com muita antecedência, principalmente na alta temporada. A lista de espera pode chegar a 1 semana, por isso não custa nada entrar no site (http://www.robben-island.org.za/index.php?option=com_content&view=article&id=15&Itemid=14&eb391a9e1c57f5afced2726a6cde8e03=99a2abc308a103d3fe8290093f3859da) e fazer sua reserva.
Também é do V&A que sai

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

KRUGER PARK... ou quase lá


Para chegar até a região onde fica o Kruger Park é necessário pegar um voo curto de pouco mais de 1 hora de Johannesburg até Hoedspruit. A viagem pode ser curta, mas para quem tem medo de voar pode ser também um desafio, já que a aeronave é pequena e balança consideravelmente.

Hoedspruit é uma pequena cidade agrícola, portanto não espere um aeroporto de cidade grande. Na verdade parece mais uma rodoviária. Fazia um calor infernal na região no dia em que lá estivemos (40 graus na sombra) e o local não tem ar condicionado.

Uma informação muito importante que deve ser dada à todos os viajantes: certifique-se da localização do seu "lodge". Muitos turistas se decepcionam quando acham que vão conhecer o Kruger Park e acabam ficando em uma reserva particular a quilometros de distância do parque.
A maioria das agências negocia pacotes que incluem lodges que não estão localizados dentro do parque, até mesmo porque havia uma lei que proibia lodges particulares instalados dentro da área do parque até a pouco tempo atrás. No momento, parece que há 18, mas não posso afirmar com certeza.
Mas isto não significa que não vale a pena ficar nestes lodges fora do parque. A possibilidade de ver os chamados Big 5 (os cinco animais, a saber: búfalo, leão, leopardo, elefante e rinoceronte) é a mesma e as acomodações não são tão diferentes entre si. A maioria oferece atividades extras que incluem visitas ao Kruger Park também.

Nós ficamos no Shiduli (http://www.shidulilodge.co.za/) e adoramos. O serviço é ótimo, as acomodações excelentes, a comida é sensacional (a melhor panna cotta que comi na vida!) e os guias dos "game drives" (passeios com jipe aberto para observação dos animais) são muito prestativos. Esses drives acontecem em dois períodos do dia: o primeiro às 5:30/6:00 da manhã e o segundo às 16:30/17:00 da tarde, dependendo da época do ano.
Duram em média 3 horas, com uma pausa para um café ou um drink. Você não precisa necessariamente de binóculos, pois os animais ficam próximos o suficiente. Mas é essencial levar um chapéu ou boné, protetor solar e calçados adequados, pois você pode andar alguns trechos para ver os animais mais de perto e fazer isso de Havaianas não é legal. :-)
É importantíssimo ouvir as instruções dos guias e OBEDECER as regras. Os Brasileiros tem fama de não seguir instruções e fazer o que bem querem e isso pode ter graves consequências. Lembre-se: nós somos os intrusos, os visitantes naquele habitat. Os animais não são bichinhos de pelúcia para ficar apertando nem modelos para fotos. Não faça movimentos bruscos, não se abaixe para tirar fotos, não se aproxime demais, não faça barulho excessivo e não desça do jipe sem autorização do guia. Nosso guia, Moven, disse que já houve casos de turistas mortos por animais no Kruger Park, simplesmente porque não seguiram as normas de segurança. Melhor não dar chance para o azar. :-)
Uma coisa que costuma confundir um pouco os turistas é que a vegetação nestas reservas não é como nos filmes que vemos na TV, com aquelas planícies amplas e terreno plano, com montanhas ao fundo. Isso está mais para Quênia do que para África do Sul. No verão, a vegetação fica mais densa e alta, dificultando um pouco a visualização dos animais, principalmente do leão. No inverno a vegetação é mais baixa e escassa, mas mais feia também. Há quem prefira fazer os passeios no inverno, porque acham que as chances de ver os Big 5 aumenta. O guia disse que é uma loteria e que não dá para garantir que será possível ver todos os animais. Nós estivemos lá no verão e conseguimos ver leões, elefantes, hipopótamos, girafas, antílopes, impalas, javalis, babuínos, macacos, rinocerontes, zebras, coiotes, crocodilos, tartarugas, gnus... mas o melhor for ver uma família de guepardos (meu animal favorito!) se alimentando. Momento Discovery Channel nota 10!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PRETORIA

Localiza-se na parte norte da província de Gauteng, cerca de 50 km de Johannesburg.
O nome vem dos fundadores da cidade, os Pretorius (pai e filho). Em 2005 a Camara Municipal aprovou o uso de um outro nome para a cidade: Tshwane, baseado no nome de um chefe local e que significa «Somos todos iguais». Mas na prática, todo mundo continua usando o nome anterior.

Se você planeja visitar Pretoria (ou Tshwane), é importante pensar nos horários, porque durante a semana pode-se levar até 4 horas do centro de Jo'burg até lá. O trânsito é um problema na maior parte da província.

Você vai notar vários jacarandas pela cidade. Pretoria é conhecida como a "Jacaranda City". Apesar de serem nativas do Brasil, aparentemente as mudas destas árvores foram trazidas da Austrália, segundo o guia.

Para quem gosta de jardins e flores, a cidade oferece várias opções interessantes, principalmente aquelas próximas de prédios governamentais, como os Union Buildings.



Outros locais que conhecemos foram a casa do Paul Kruger, o primeiro presidente da África do Sul e que (segundo o nosso guia Ruben) foi um bom presidente, um homem de bom coração e que trouxe muitos benefícios para o país e Pretoria e o museu de antropologia.
Infelizmente não tivemos tempo de conhecer o Freedom Park, lugar que o guia Lonely Planet afirma ser um dos 2 melhores lugares para serem visitados na cidade. O outro? É o Voortrekker Monument & Museum. Fica para a próxima. :-)


Ah, e foi em Pretoria que, em 1977, morreu Steve Biko (alguém aí lembra da música do Peter Gabriel?), líder do movimento Consciência Negra.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

SOWETO

Visitamos a township mais famosa da África do Sul: o Soweto. Soweto é uma abreviação de South Western Township. Townships, na época do Apartheid, eram os bairros afastados da cidade onde moravam somente os negros - que não podiam morar nos bairros ricos, junto com os brancos.
O Apartheid acabou mas o Soweto continuou crescendo e já conta com mais de 2.5 milhões de moradores.

Conhecemos o Hector Pieterson Memorial (foto). Hector foi uma das crianças que foram mortas pela polícia em 16 de junho de 1976 durante as manifestações contra a política de educação do governo do Apartheid. O memorial conta a história de como e porque as manifestações aconteceram, do massacre e da repercussão dos eventos no mundo. Triste e revoltante... chega a dar nojo das barabaridades do apartheid mas faz parte da identidade daquele povo e deve ser visitado.

Também conhecemos a casa onde o Nelson Mandela cresceu (na mesma rua - Vilakazi St. - também morou outro sul-africano ganhador de um prêmio Nobel - o bispo Desmond Tutu). É a única rua do mundo de onde sairam 2 ganhadores do prêmio Nobel. :-)

LESEDI


Quem disse que programa típico de turista não pode ser legal? O parque Lesedi é um bom exemplo disso. Você entra e dá de cara com um monte de artesanato à venda. É recebido com uma apresentação com atores, falando sobre as 5 principais tribos da região. A guia leva você de uma vila para outra, dando explicações detalhadas sobre os costumes, roupas e linguagem. E no final você acaba entrando na dança, pagando o mico geral. :-)
A entrada pode parecer meio cara (R 320 por pessoa), mas vale lembrar que isso inclui um almoço farto (bebidas não incluídas), com direito a entrada, pratos principais com carne de avestruz, antílope, crocodilo, etc, além dos pratos típicos e sobremesa.
É uma maneira interessante de aprender sobre a história local e também algumas palavrinhas e expressões em diversos dialetos.
Preste atenção quando a guia falar em Xhosa: é a língua mais divertida do mundo! rs... Oh, e vale lembrar também que Nelson Mandela é Xhosa.

JOHANNESBURG

É a maior cidade da África do Sul. Mas não é uma das capitais. É isso mesmo: capitais. São 3, a saber: Cape Town (poder legislativo), Pretoria (poder executivo) e Bloemfontein (poder judiciário).
A cidade tem na mineiração o seu forte, com jazidas de ouro, diamante e alumínio.
Johannesburg (ou Jo'burg para os íntimos), é a capital da província de Gauteng e não era exatamente uma cidade turística. Era mais um ponto de partida para outros locais, como o Soweto e Pretória. Mas como todos os turistas tem que passar por lá na ida ou na volta, a cidade tem aumentado a oferta de atrações turísticas. É praticamente a capital cultural da África do Sul, com várias opões de musicais, peças de teatro e museus.

Ficamos hospedados no MetCourt Hotel, que é perto do aeroporto. Mal sabíamos que ele era parte de um grande complexo, que incluia um cassino. Aliás, Johannesburg é a Las Vegas da África do Sul (que o digam aqueles que estiveram em Sun City).
Vantagens: eles oferecem translados do aeroporto para o hotel e vice versa. O casino tem uma praça de alimentação e algumas lojas. Dá para comer um hot dog ou crepe no cassino mesmo depois que a praça de alimentação fecha. As acomodações são boas. Tem casa de câmbio da American Express e banco 24h.
Desvantagens: é longe de tudo. Para chegar até o centro de Joburg de taxi, você vai desembolsar cerca de 500 rands. Tem mais cingapurianos do que sulafricanos andando por lá. É preciso tomar cuidado com os pertences, porque há muitos batedores de carteira rondando os jogadores desavisados.

Indo e vindo
Para andar em Joburg, você precisa de um carro. O transporte público não é lá essas coisas: nos finais de semana, os ônibus não funcionam (depois das 13h do sábado). Só os perueiros e, segundo o guia, é melhor deixar isso para os moradores. Não há metrô e os taxis costumam cobrar 10 rands para cada quilômetro rodado. Por isso decidimos contratar um guia, Ruben Bewula, que é de Moçambique mas mora lá há 15 anos. Ele fala portugues (aliás, ele fala as 11 línguas da África do Sul e as 9 de Moçambique!), então se o seu inglês não saiu do "the book is on the table", pode ser a melhor opção. O Ruben é um cara muito profissional e prestativo, sempre pontual e pronto para ajudar. Tanto que até parou o carro no meio de uma via expressa e saiu debaixo de uma tempestade para ajudar um motorista que vinha dirigindo atrás dele e acabou caindo num barranco. Nós recomendamos! (Bewula Tours: http://www.bewulatours.co.za/).

Pessoalmente, achei a cidade muito parecida com São Paulo. O tour pela cidade não nos animou muito e o tempo estava horrível, com muita chuva, por isso nem pensamos em curtir a noite ou assistir algum musical. A cidade tem fama de ser perigosa, mas nada que alguém que mora numa grande cidade já não esteja acostumado.

Informações gerais


Dinheiro
1 rand = cerca de 0,25 centavos (verifique a cotação atual)
Moedas e notas
Moedas: 1c, 2c, 5c, 10c, 20c, 50c, 1R, 2R e 5R.
Notas: 10R, 20R, 50R, 100R.
Mantenha sempre algum trocado no bolso, para as gorjetas (chamadas de "gratuity" por lá).
10 ou 15% sobre o valor do serviço é uma gorjeta apropriada.

Preços
É estranho estar num lugar onde a nossa moeda é mais forte. Você faz as contas e fica surpreso com o preço. Mas isso só vale para a comida e serviços.
Os eletrônicos tem preços semelhantes. O mesmo vale para as roupas. O que muda são os estilos e cores, portanto você pode ter dificuldade para encontrar algo que seja do seu agrado.
Cape Town é bem mais barata que Jo'burg. A média dos preços dos tours que fizemos lá era de 600 rands. Em Jo'burg, a média foi para 900. Em Cape Town pagamos 9,25 por uma garrafa de água grande (no mercado), enquanto que uma garrafa pequena de água em Jo'burg (na rua) custou 9,00. É claro tudo depende do que e de onde você compra, mas o nosso dinheiro sumiu bem mais rápido em Jo'burg... rs...


Voltagem
220 volts. Tomada de 3 pontos.
Custo de um adaptador: cerca de 25 reais.
Sim, você vai usar e jogar fora depois... nós ganhamos o nosso adaptador de amigos que estavam lá na mesma época e depois deixamos com o pessoal da agência de turismo, para oferecer aos próximos turistas para que eles não tenham que se precupar com isso. Nem todos os hotéis tem adaptadores disponíveis.

Horários
Acredite se quiser: a maioria das lojas fecham às 16 horas! Vimos até um banco que funcionava das 11h às 13h! Até mesmo nos shopping centers, nos finais de semana, as praças de alimentação também não ficam abertas até tarde.

Inglês
Todos os habitantes falam inglês. O difícil é entender. :-)
Os negros tem um sotaque com forte influência das suas línguas africanas, então é bem difícil distinguir alguns sons. Até os sulafricanos brancos tem dificuldades! Vimos uma apresentação de vinhos e o nosso guia nos perguntou: "Você entendeu alguma coisa do que ele disse? Bom, porque eu não entendi nada." rs...
Os brancos tem sotaque característico, mas nada que seja tão diferente que atrapalhe a comunicação.
Lembre-se de que os sotaques regionais são um problema mesmo para quem fala inglês como língua materna. Presenciamos americanos e canadenses tendo problemas de comunicação, do mesmo modo como nós tivemos. Mas com um pouco de paciência e bons modos, você vai conseguir se fazer entender em qualquer lugar do mundo.

Automóveis
O volante é do lado direito, ou seja, as mãos são invertidas nas ruas. Lembre-se de olhar sempre para a DIREITA primeiro, antes de atravessar a rua. Em Cape Town as pessoas dirigem beeeem devagar. Em Johannesburg, o pessoal pisa fundo.
O Ruben nos contou que para os negros sulafricanos, o carro é um símbolo de status muito importante. Eles não pensam duas vezes antes de pagar fortunas para alugar carros de luxo para irem à funerais e casamentos e é comum ver pessoas morando em casas caindo aos pedaços, mas com super carros nas garagens. Parece que centenas de carros são confiscados por falta de pagamento todos os meses.


Comida
Sulafricanos gostam de pimenta (principalmente em Cape Town), portanto, se você não gosta de pratos quentes, é bom abrir o olho. Até a batatinha frita no KFC é apimentada! Vale a pena perguntar antes de pedir os pratos. Em alguns restaurantes você nem encontra o saleiro, mas a pimenta do reino sim.
Os frutos do mar são bem baratos por lá, mas se você for fã de carne vermelha, não vão faltar opções, das mais exóticas (como carne de antílope) até as mais comuns. Vegetarianos radicais também não devem encontrar dificuldades, mas só por precaução, é melhor dar uma olhada aqui: http://www.vegsoc.org.za/
Eu adorei tudo o que comi por lá. Quer dizer, quase tudo. A pizza no V&A Waterfront foi uma das piores que comi na vida! Melhor ficar com a da Debonairs, que é meio Pizza Hut mas dá para encarar.